Você sabia que para a produção de suínos e aves, o preço dos grãos, principalmente do milho, chega a representar 70% dos custos de produção?
Você que produz proteína animal, seja ela boi, aves ou suínos, tem estado atento aos preços das commodities e às flutuações internacionais?
O milho tem apresentado nos primeiros meses de 2020, uma alta muito grande nos preços, e isso tem afetado o custo de produção da proteína animal, principalmente do produtor que não se posicionou bem na negociação e não conseguiu uma boa oportunidade de compra.
E principalmente, falando na produção de aves e suínos, o sul é a região mais afetada nesse processo de flutuação de preços da soja e do milho por ser um dos maiores produtores, especialmente Santa Catarina que é muito dependente da importação do milho de outros estados.
Ou seja, com o aumento do preço da soja e do milho, aumenta também o preço das proteínas animais, principalmente dos suínos e aves.
Entretanto, a gestão de risco dos produtores deve ir além dessa simples análise.
A oscilação do milho e da soja é comum no mercado pelo fato de serem commodities. E isso tem estimulado várias pesquisas com o objetivo de diminuir essa insegurança, através do estudo de ingredientes alternativos, misturando outros grãos que têm flutuação menor no mercado e que suprem os nutrientes necessários para a dieta dos animais, como proteínas, minerais, vitaminas, aminoácidos, e outros, e dão também energia para que o potencial genético das aves e dos suínos possa se desenvolver.
Em relação à soja, o fato do grão ter algumassubstâncias que impactam negativamente na absorção de vitaminas e minerais pelos animais, faz com que ela precise passar por um processamento industrial antes de ser usada nas dietas comerciais.
Esse processamento é feito usando altas temperaturas para tostagem e esmagamento que desativa aquelas substâncias que atrapalham na absorção das vitaminas e minerais, e fazem da soja um alimento de alta qualidade.
O principal produto da soja é o farelo, que é produzido depois de esmagar o grão para retirar o óleo que nós usamos para nossa alimentação, e esse farelo pode ser usado para compor 100% do concentrado proteico de rações animais e suplementos.
E por que a gente usa tanta soja ao invés de outros grãos?
A resposta está principalmente em 3 fatores: na qualidade nutricionaldepois que ela é processada, na alta produção e na facilidade de cultivoe de adaptação a quase todas as regiões do mundo.
A composição da soja é tão interessante porque ela tem proteína de alta qualidade, e também alta quantidade de energia que são tão importantes na dieta animal. Por outro lado, a soja é baixa em cálcio, caroteno, vitamina D e fibras, e mesmo que esses itens tenham uma enorme importância na pecuária, o alto custo para suprir isso na dieta acaba fazendo com que os produtores reduzem ou até deixem eles de lado.
E o milho, qual é a relação com a proteína animal?
O grande diferencial do milho está nas várias formas que ele pode ser usado. De acordo com o Departamento de Agricultura dos EUA, 70% de todo o milho em grão no mundo é usado para ração animal. Só no Brasil, em média 60 a 80% da produção nacional é direcionada para ração.
Em termos de valor energético, o milho é rico em amido, e dele também é produzido o glúten 21, que é o mais usado para nutrição dos bovinos. Já o milho grão é triturado e vira ração e suplemento animal.
Como são formados os preços da soja e do milho?
Em relação ao mercado de soja, a formação de preços acontece a partir do preço em mercados internacionais e também de fatores internos que acontecem aqui no Brasil, como condições de oferta e demanda, diferenças na qualidade do teor proteico do farelo, eficiência do porto exportador, disponibilidade do produto nos armazéns portuários, greves portuárias, chuvas, dentre outros fatores.
De acordo com dados na Embrapa, em determinados anos a nutrição chega a representar de76 a 78% dos custos de produção na suinocultura, o que faz com que aumentos no preço da soja e do milho resultem também no aumento do preço da carne suína, até porque as margens de lucro são baixas nesse mercado, cerca de 3%, o que agrava ainda mais esse repasse quando os custos sobem para o produtor.
No caso da produção de aves, apesar da nutrição representar uma porcentagem menor nos custos de produção, ainda assim o impacto no preço do milho e da soja é alto. A ração dos frangos é composta basicamente de milho e farelo de soja, na proporção de 3 para 1, além de alguns outros componentes.
Como esses dois produtos, a soja e o milho, estão tão relacionados, quando existe uma quebra na produção da soja por exemplo, ela tem que ser compensada pela maior produção do milho para que o preço final da carne de frango e de suínos não seja tão afetado. O mesmo acontece também na pecuária, já que os aumentos no preço da soja e do milho encarecem a produção de carne e de leite, e afetam até mesmo os valores nutricionais dessa carne e diminuem o valor agregado do produto final.
O produtor rural e o profissional do agro que estão atentos a essa flutuação do mercado, vão ser capazes portanto de fazer uma melhor gestão de risco do seu negócio, e negociar melhor.
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